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Histeria?

Atualizado: 23 de mar.

"As grandes coisas podem ser reveladas através de pequenos indícios."

Sigmund Freud


A histeria é uma condição clínica muito interessante. Embora atualmente não faça parte das patologias mentais nos manuais psiquiátricos, suas primeiras descrições datam do antigo Egito. A expressão histeria foi usada pela ⁵primeira vez por Hipócrates de Cós, médico grego, considerado o "pai" da medicina ocidental. Na época acreditava-se que a expressão clínica da histeria era provocada pela movimentação do útero no abdômen. Desde muito cedo relacionou-se a histeria com insatisfação sexual e, embora não seja uma patologia exclusiva das mulheres, é muito mais prevalente no sexo feminino. Em alguns momentos, ao longo da história, o tratamento era castigar as mulheres, pois acreditava-se que as manifestações da histeria pudessem estar ligadas à bruxaria - também se propunha o exorcismo. Mais tarde a ideia da possessão diabólica ganhou força - e o castigo passou a ser a abordagem natural à histeria.

Uma longa história

Na antiguidade, onde a moral sexual era mais libertária, um dos tratamentos consistia na mulher ter relações com homens (mais jovens 🤭) para acalmar o "útero triste". Posteriormente Soranus sugeriu o contrário - o tratamento seria pela abstinência sexual. A doença também foi atribuída, em particular na Idade Média, à fraqueza feminina - considerava-se, à época, a inferioridade da mulher em relação ao homem.

Um olhar mais contingente

A situação começa modificar-se com Philippe Pinel, que passa a ver as histéricas como doentes, que deviam ser tratadas com gentileza e sensibilidade, e pediu que as argolas que as imobilizavam fossem retiradas. A mudança no olhar para a histeria é atribuída à Sigmund Freud, que aponta a enfermidade como predominantemente psíquica. Outra observação de Freud é que a histeria também acomete homens. A histeria, classicamente manifesta por espasmos musculares, tremores nas pálpebras e aparente comprometimento da consciência, em suas crises agudas, lembra um quadro epilepitforme, é retirada do DSM III (uma classificação das doenças mentais) em 1980. Hoje é conhecida como síndrome conversiva e, em grande parte, na sociedade ocidental, foi substituída pelos quadros depressivos e melancólicos.

A medicalização do sofrimento mental na velhice

Hoje o sofrimento mental na velhice é extremamente medicalizado. Novos antidepressivos, neurolépticos, benzodiazepínicos, Z-drugs, além de outras substâncias, são usados de forma muito liberal no idoso. As síndromes conversivas nos idosos são muito raras. Recentemente atendi uma senhora de 89 anos com um quadro conversivo, no pronto-socorro. Eu nunca tinha visto. Parecia um AVC. Mas tinha algo diferente. Conversando com a família soube que este quadro se repetia periodicamente. A paciente estava polimedicada e nunca havia sido abordada com técnicas psicodinâmicas. O quadro se resolveu com um benzodiazepínico via oral. Três coisas neste caso me chamaram a atenção: a raridade desta condição no idoso, a tendência ao uso irracional de psicotrópicos e a não oferta de psicoterapia à pacientes idosos. Um outro olhar para o sofrimento mental na velhice se faz necessário.


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No momento atuo em Santa Maria, RS, em consultório privado  - Na Clínica Specialitá, em Camobi, Santa Maria, RS.. Trabalhamos com  assistência domiciliar.,

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