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Desprescrição: ciência e arte de suspender medicamentos

"Prudência é saber distinguir as coisas desejáveis das que convém evitar"

Cícero


"O médico não te passou nenhum remédio?" "Não pediu nenhum exame?" Estes são perguntas frequentemente colocadas às pessoas e que podem significar apenas crenças e mitos alimentadas pelos pacientes.... e pelos médicos também. "A consulta não pode terminar sem uma folha de papel timbrado, carimbada e assinada". Fica uma sensação de vazio. De incompletude. Hoje existe a chamada "Prescrição Social", onde o médico escreve, por exemplo.... caminhar na mata, 3 vezes por semana.... ouvir música à tardinha, fazer yoga ou Tai Chi Chuan. Trata-se de uma reflexão em construção, que tem como objetivo oferecer aos pacientes dicas que possam melhorar sua qualidade de vida e disponibilizar perspectivas de promoção de saúde e de uma convivência mais harmônica com eventuais problemas de saúde que seja portador. Estas práticas podem trazer efeitos benefícos para os pacientes, corrroborados por um documento que lhes é entregue por escrito, pelas mão do profissional de saúde

Você já ouviu falar de Desprescrição?

Porém, fora da prescrição social, o que costuma estar escrito na receita são medicamentos, pedidos de exames e encaminhamentos para especialistas. Desde os bancos da faculdade, o foco do aprendizado médico é prescrever.

Você já ouviu falar de Desprescrição? De forma simplificada é a ciência e a arte de suspender remédios. E isso pode ser bem mais difícil do que prescrevê-los.

Existem 2 situações, inter-relacionadas, frequentes na velhice, que são a coexistência de várias doenças ("comorbidades") - a Polipatologia e o uso de múltiplos medicamentos (5 ou mais) - a Polifarmácia. Existe a Polifarmácia "racional", quando os remédios são necessários em decorrência das condições clínicas sofridas pela pessoa e a Polifarmácia "irracional", que pode ocorrer no contexto de automedicação, visitas frequentes ao pronto-socorro e consultas à múltiplos especialistas que não trabalhem de forma colaborativa. Sabe-se que é característico de pacientes idosos um risco maior de reações adversas, interações medicamentosas e toxicidade relativa ao uso de fármacos. É nesse momento que a Desprescrição entra em cena.

Prudência e canja de galinha não faz mal a ninguém

A retirada de um medicamento deve ser feita de maneira cautelosa e sensata. Existem múltiplas razões para a Desprescrição: o medicamento não é mais necessário; está provocando reações adversas e efeitos colaterais intoleráveis; o medicamento está interagindo com outra droga de forma prejudicial, etc. Mas a Desprescrição é baseada em protocolos de segurança e deve ser sempre supervisionada pelo médico assistente. Por vezes a situação toma tal complexidade que até se justifica uma internação hospitalar para um reajuste do esquema de utilização de medicamentos em condições seguras. A American Geriatrics Society desenvolve há décadas os chamados critérios de Beers, cujo foco é trazer informações para o médico da racionalidade do uso de medicamentos, apontando aqueles que não são apropriados. Outra ferramenta, esta desenvolvida no Reino Unido, é a StoppStart, que procura identificar situações (por exemplo, uma internação por um quadro clínico qualquer, uma doença clínica, um procedimento cirúrgico, e que permita que uma equipe familiarizada com prescrição, particulamente em pessoas idosas, possa racionalizá-la, visando os melhores benefícios do tratamento farmacológico. A concorrência de um farmacêutico nestas situações pode ser de grande valia, identificando se as doses são apropriadas, potenciais efeitos adversos e interações medicamentosas, sempre em estreito contato com as equipes médicas assistentes. Este instrumento oferece uma ampliação dos critérios de Beers: ele identifica também a "subprescrição", ou seja, medicamentos que deveriam estar sendo utilizados em benefício dos pacientes e que não estão prescritos. Um exemplo clássico é o uso de Inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina (inibidores da ECA) em pacientes diabéticos portadores de insuficiência cardíaca, em não havendo contraindicações. Ou seja, tal procedimento, a retirada de medicamentos com benefícios questionáveis e eventuais prejuízos, realizado em um ambiente seguro, sob supervisão multiprofissional, com a introdução daqueles que poderiam fazer diferença positivamente em termos de qualidade de vida e impacto na morbimortalidade, é uma atitude conveniente para o paciente. Existe uma instituição internacional voltada para o estudo da #Desprescrição. Em Geriatria, embora não seja uma tarefa fácil, a precisão diagnóstica é um objetivo a ser buscado. Somente se soubermos o que estamos tratando é que seremos capazes de oferecer o melhor tratamento. Que às vezes pode ser.... tirando remédios.




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Atendimento em consultório, hospitais de alta complexidade, em domicílio e ILPIs (Instituições de Longa Permanência para Idosos).

No momento atuo em Santa Maria, RS, em consultório privado  - Na Clínica Specialitá, em Camobi, Santa Maria, RS.. Trabalhamos com  assistência domiciliar.,

atendimento em Telessaúde, para orientações, segunda opinião e seguimento de pacientes em acompanhamento clínico ambulatorial.

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